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O caso de Oruro: precisamos de um basta!

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Não dá mais. O futebol não pode estar acima da convivência social. Muito menos acima da vida das pessoas. Não pode determinar algo tão sério, é só um jogo.

Precisamos de um basta!

Não importa aqui qual o seu clube, qual o meu clube, não importa nada que esteja apenas no âmbito esportivo. Pelo bem do futebol, pelo bem do esporte, precisamos, todos nós, cobrar um basta.

O caso do torcedor boliviano morto (morto, não, assassinado) por membros de uma organizada do Corinthians em Oruro não pode ficar impune. Como a tragédia em Santa Maria, que abalou a todos nós, precisa ser ponto de partida para mudanças efetivas, e assim ao menos não ter sido em vão.

A Conmebol, surpreendentemente, agiu. E com rapidez. Proibiu torcedores nos jogos do Corinthians na Libertadores. Ainda é uma decisão provisória, mas a meu ver foi justa.

Era descabido querer a eliminação do Timão da Libertadores. O correto é punir, na essência, o torcedor. E aí não importa que sejam todos, que os bons paguem por uma minoria. Infelizmente, precisa ser assim para surtir algum efeito. O torcedor vai pensar duas vezes antes de fazer, a organizada também, antes de acobertar criminosos nos seus quadros.

O clube também acaba punido. O Corinthians vai jogar sem a sua torcida, e isso pesa muito. Terá um prejuízo monstruoso (estimado em cerca de R$ 15 milhões), pois já tinha vendido praticamente todos os ingressos dos três jogos como mandante na primeira fase. É justo? Há quem entenda que o clube não pode pagar pelo ato de seus torcedores. Talvez, mas e se o clube dá respaldo a estes torcedores? Se faz vista grossa para atos como esse? Se patrocina organizadas com criminosos travestidos de torcedores em seus quadros? É tão injusto assim? Será que os clubes não precisam de um exemplo desses para repensar este tipo de relação promíscua?

Torço para que a Conmebol recupere um pouco da sua credibilidade (depois de deixar por isso mesmo tantos e tantos casos de violência em competições organizadas por ela) e se mantenha firme na decisão de mudar de postura e ser intolerante com atos de violência. Que não recue da decisão de punir exemplarmente, no âmbito esportivo, ao menos, a morte do garoto boliviano no estádio do San José. Mas que não fique por aí: o próprio San José precisa ser punido por ter permitido que torcedores entrassem armados no estádio. A segurança em estádios sul-americanos é ridícula, beira o amadorismo. Casos de torcidas atirando de tudo para dentro do campo, manifestações racistas abomináveis, a lista é enorme.

O Corinthians pode até ser exemplo, só que não pode virar bode expiatório e ser o único a pagar a conta que é de muita gente.

Torço para que o Corinthians acate, repense a relação com as organizadas, mas não só ele. Que todos os clubes brasileiros revejam esta postura. Porque, sim, em 99% dos casos acontece exatamente a mesmíssima coisa. Foi o Corinthians, poderia ter sido qualquer outro. Importante é que vire exemplo de que precisamos mudar. O futebol brasileiro mudou, enriqueceu. Hoje somos referência em muitas coisas. Uma Copa do Mundo aqui está batendo à porta, estamos na vitrine para o mundo todo ver. Não dá mais pra tolerar tanta imbecilidade, tanto descaso, tanta falta de comprometimento com a justiça. Não dá mais.

No fim, mas no caso o mais importante: os culpados pela morte do garoto Kevin precisam ser punidos. Basta de tratar crimes em estádios de futebol como algo menor. São crimes, cometidos por criminosos. Tudo igual nas ruas, igual lemos nas páginas policiais.

Clubes, imprensa, sociedade em geral: chega de compactuar com criminosos e delinquentes inconsequentes manchando a imagem do futebol. Precisamos de um basta. Sem a miopia das paixões clubísticas, sem jeitinho.

Eu quero um basta! Precisamos.


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